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FÉ AO SENHOR DA PEDRA MAIS UMA VEZ MANIFESTADA

Texto e Fotos de: Carlos Morgadinho
Adiaspora.com

Mais de dois milhares de pessoas juntaram-se para manifestarem a sua fé num culto religioso originário da Vila Franca do Campo, na Ilha de São Miguel, cujas origens se perde nas brumas do passado mas que, segundo a lenda aquela imagem de Jesus Supliciado, “Ecce Homo”, foi, ao que consta, a única peça que deu à costa, naquele lugar, proveniente dum naufrágio ocorrido nas costas daquela ilha.

Esta imagem foi encontrada e levada de seguida para a Igreja local e ali, desde então venerada pelas sua população da vila e região circundante que viam, pelas suas orações, um meio de serem poupados das destruições sísmicas que se faziam sentir naquele local com frequência.

Assim esta devoção, ao Senhor da Pedra, enraizada por gerações, tem-se mantido até aos nossos dias mesmo perante o fenómeno das ondas sucessivas migratórias que levou à saída de centenas de milhares de gente daqueles lugares para o estrangeiro principalmente para os Estados Unidos da América do Norte, Brasil e Canadá. Esta fé tem-se mantido inabalável e sido disseminada por outros lugares bem longe da Ilha de São Miguel.

As suas gentes trouxeram, no acto de emigrar, esta fé e preservaram-na ao longo de todos estes anos. Por aqui, em Toronto, cremos que já se realizam estas festividades em honra do Senhor da Pedra bem há mais de trinta anos, na paróquia da Igreja portuguesa de Santa Inês.

Este ano, esta tradicional festa foi, mais uma vez, realizada com a fachada e o átrio daquela igreja decorada a rigor, com luzes e imagens de santos e do Senhor da Pedra.

Mais de duas mil pessoas estiveram presente no Domingo para celebrar as festividades em honra daquela imagem devota da nossa gente embora bem vincada nos oriundos da Ilha de São Miguel e se juntarem ao ritual da procissão pelas ruas à volta daquela nossa igreja.

No palco erguido no átrio da Igreja foi cenário de arraiais (concertos de Bandas) e de artistas da nossa comunidade dos quais destacamos o Carlos Martins, o “veterano” dos nossos palcos, o popular Henrik Cipriano e um concerto pela Banda do Sagrado Coração de Jesus da Igreja de Portugal.

Por pouca sorte, no dia anterior, sábado (dia 6), devidos à forte chuva que fustigou permanentemente aquele dia, o programa ao ar livre foi cancelado tendo parte do povo sido obrigado a refugiar-se no salão de festas daquela paróquia onde se deu continuidade ao espectáculo com os artistas Kayla de Brito, Carlos Martins e o Henrik Cipriano.

No Domingo as festividades tiveram o seu apogeu com uma missa solene, na Igreja de Santa Inês, pelas 10.30 horas da manhã. A habitual procissão pelas ruas adjacentes àquela Igreja, teve início pelas 15.30 horas da tarde e pensamos, que mais de duas mil pessoas se incorporaram tendo muitas delas seguido naquela procissão com os seus terços, velas e algumas até descalças quiçá no cumprimento dalguma promessa por Graças recebidas, rezando fervorosamente numa demonstração de fé inabalável.

Muitas eram, naquela procissão, a presença de  crianças que envergavam trajos de santos ou figuras bíblicas como Moisés, Santa Verónica, Santa Inês, Noé, São Jorge, Os três Pastorinhos de Fátima, A Sagrada Família, Anjinhos, Menino Jesus de Praga e muitos outros.

Este ano esta popular festa religiosa teve a participação das Bandas Filarmónicas Lira Nossa Senhora de Fátima (Igreja de Santa Inês) e do Sagrado Coração de Jesus (Igreja de Santa Helena).

Mais uma vez a actividade religiosa e profana foi realizada ou no salão da cave desta paróquia, dado aos inconvenientes aguaceiros que se fizeram sentir no sábado obrigando muito povo a procurar abrigo naquele lugar.

No entanto durante a procissão no dia seguinte, domingo, que saiu para a rua pelas 15.30 horas o tempo estava ameaçador prometendo mais chuva mas que se ficou por aqui exceptuando uns escassos minutos, com a queda de uns quantos “pingos” assustadores, o itinerário foi cumprido sem mais percalços ou demoras.

A venerada imagem de Cristo supliciado e conhecida por Ecce Homo (Eis o Homem) foi transportada no andor pelas ruas circundantes desta igreja portuguesa do lado oeste da cidade de Toronto e acompanhada por umas largas centenas de fiéis numa manifestação de fé que, segundo os entendidos, é tida como a segunda maior festa religiosa dos Açores e cuja adoração foi trazida pelos primeiros imigrantes açorianos para este país de acolhimento, o Canadá.

Mas este cortejo religioso não perdeu o seu brilho, devoção e participação da nossa gente e não só pois muitos eram também os presentes que não pertenciam à nossa comunidade pois ali comungavam na mesma fé muitos brasileiros, latinos, italianos e até um simpático casal idoso de raízes polacas e que residente neste Bairro da cidade há mais de 55 anos que nos disse que o vêm fazendo desde a primeira vez que esta foi realizada, nos fins da década dos anos sessenta.

A realidade, como foi referido posteriormente pelo MC destas festas, o artista e humorista José Lima, popularmente conhecido por “Carteiro” que - “…a presente festividade já não tem aquela “pujança” dum passado recente pois estas eram até então realizadas no parque do Trinity/Bellwoods onde acolhia, no mínimo mais de cinco mil pessoas duma só vez, tendo até, sem querer ser exagerado, em meados dos anos 70, agrupado uma multidão de cerca de 30 mil fiéis, com missa campal participada. As suas actividades profanas eram abrilhantadas por dezenas de artistas bem conhecidos das nossas gentes e com muitas barracas de comes e bebes, bazares, souvenires e um coreto onde se realizavam os concertos, ou arraiais, das diversas Bandas Filarmónicas participantes”.

Hoje, lamentou-se aquele artista e apresentador - “infelizmente, o espaço de entretenimento não é uma sombra desses tempos já lá idos. Muita coisa mudou e contribuiu para reduzir estas festas que foram uma das mais participativas da nossa comunidade, juntamente com a do Senhor Santo Cristo dos Milagres da Igreja de Santa Maria. Um dos factores principais desta quebra das festas, penso, ter sido a ausência cada vez maior de voluntários, aqueles que preparam a estrutura da festa, como carpinteiros, electricistas, decoradores e outros similares. É que pela idade avançada muitos se foram retirando, mudando de residência para zonas mais afastadas ou ausentando-se no gozo da merecida reforma. Esta é, na minha opinião pois tenho acompanhado estas festividades desde o primeiro dia, uma das bases fundamentais para o agravamento da situação que nos debatemos no presente. A outra, não menos importante, foi os aumentos colossais na obtenção de licenças, polícia, o custo da electricidade consumida, os seguros que cobrem acidentes e outras calamidades e outros mais factores. Tudo isto “ajudou” a soçobrar esta esplendorosa festa dos anos 60, 70, 80 e dos 90. Agora, como vê, a fé está presente mas o número de fiéis, e foliões, está muito reduzido. É pena o que está acontecendo pois quase que colocamos esta festa do Senhor da Pedra na “História dos Pioneiros” ou nos primórdios da nossa Imigração dado ser a segunda mais antiga e onde tantos milhares de nossos conterrâneos se juntavam e confraternizavam nestes dias.”

Outro facto que tem despertado a nossa atenção nestes últimos três anos é a ausência dos políticos ou seja dos autarcas da zona e deputados da Província e do Governo Federal. Quererá isto dizer que “perderam” a fé, não religiosamente falando, mas na nossa gente, os portugueses, que ainda engrossam o grupo étnico de eleitores e moradores desta área? Até porque as eleições da Província estão-nos a bater à porta, pois é já no próximo mês de Outubro. Estranho não é?

Deixamos aqui os nossos parabéns aos organizadores desta nossa festa, o presidente e vice-presidente das Festas da Igreja de Santa Inês, José Luís Tavares e Alex Braga, respectivamente. Estes agradecimentos são estendidos aos Mordomos da Irmandade do Divino Espírito Santo daquela paróquia, o casal Silvestre e Natália Costa, pela sua quota-parte na montagem e envolvimento de toda esta actividade acto que só engrandece o bom nome da nossa comunidade. Bem-haja.

 

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